Mau Feitio Tinto

Criar um vinho que permita apreciar plenamente a pureza das castas com que foi feito, sem contacto com madeira de carvalho. Recorreu-se aos melhores vinhos da colheita e à “arte do lote”, alma da enologia portuguesa até ao último quartel do séc. XX.

O ano de 2012 foi seco no Douro, criando algum stress hídrico nas zonas de solos mais pobres. No final do ciclo as temperaturas foram baixas, conduzindo a uma maturação lenta e equilibrada das uvas, ideal para a produção de vinhos elegantes e longevos.

Tecnologia: Vinificação em lagares de granito com pisa automática, embora não exagerando na ação mecânica sobre as massas. Finda a fermentação, após uma semana de curtimenta, o vinho foi para cubas de inox, onde sofreu a transformação malolática e iniciou a clarificação. Após segunda trasfega, o vinho ficou em sossego durante dois anos para afinar o aroma e o sabor, em cuba de inox. Uma ligeira colagem e filtração apertada antes de engarrafar completaram o processo, saindo para o mercado após um ano e meio de estágio em garrafa.
Castas: Tinta Roriz (55%), T. Nacional (30%) e Tinto Cão (15%).
Parâmetros Analíticos: Álcool – 13 % | Acidez total – 5,40 g/L | Acidez volátil – 0,70 g/L | pH – 3,70.
Prova Organoléptica: Quando se leva à boca percebe-se, de imediato, a razão do nome. Porém, não é defeito é (mau) feitio, graças aos taninos poderosos que perturbam os palatos sensíveis. Se estiver disposto a apreciá-lo em toda a plenitude deve ter paciência, pois precisa de abrir lentamente no copo antes de começar a desvendar os seus segredos. E são muitos!
Aptidões: É um vinho que “sabe mais do que cheira” e, por isso, com ótimo potencial de envelhecimento e aptidão gastronómica. Está de acordo com a regra “quanto mais velho melhor”, pelo menos nos próximos vinte anos.
Modo de Servir: Servir a 16 ºC, para atingir a plenitude ao fim de 15 minutos, quando a temperatura subir um pouco e o vinho oxigenar. Decantar é uma opção, mas não permite apreciar a surpreendente evolução que tem no copo.